Em greve, docentes e servidores da Unimontes aguardam resposta do governo de Minas
29/04/2010 - 10h05m
Luís Alberto Caldeira
Repórter
Continua sem desfecho a greve deflagrada por professores e servidores técnico-administrativos da Universidade Estadual de Montes Claros. As reivindicações vão desde melhores condições de trabalho, promoção por escolaridade, a salários compatíveis com o cargo ocupado. Da reunião do último dia 16 de abril na Seplag – Secretaria de estado de planejamento e gestão, entre a secretária Renata Vilhena, dirigentes da Unimontes e representantes sindicais, ficou decidida a criação de um grupo de estudo entre as partes para análise, num prazo máximo de 30 dias, dos pleitos apresentados e seus impactos financeiros. Nesta semana, o comando da greve e a Adunimontes – Associação dos docentes da Unimontes encaminharam ofício para o governo do estado pedindo para que este processo seja acelerado.
LUÍS ALBERTO CALDEIRA
No HU, somente serviços essenciais e de urgência
e emergência funcionam.
Segundo a professora Telma Borges, do departamento de Letras da Unimontes e membro da comissão da parte dos docentes, ainda não houve convocação para que os grevistas pudessem acompanhar o andamento dos trabalhos.
- Até então não foi aberto nenhum canal para diálogo no sentido de se discutir as nossas demandas. Na verdade, quem pode fazer a avaliação do impacto das nossas solicitações na folha de gastos do governo é a própria Seplag ou o departamento de recursos humanos da Unimontes, pois são eles que têm os dados no sistema. Nós só vamos retornar nossas atividades normais quando o governo abrir de fato um canal de negociação conosco – afirma.
A greve dos docentes teve início segunda-feira da semana passada, 19 de abril. Na maioria dos prédios, a rotina é de salas e corredores vazios. Entre os únicos cursos de graduação que funcionam está o de Ciências Contábeis e de Direito. Nos demais, acadêmicos aguardam pelo retorno às aulas, preocupados com o tempo que perderão. Enquanto não há previsão de volta, alguns deles antecipam em casa trabalhos passados pelos professores.
O prazo legal para atendimento das reivindicações por parte do governador Antônio Augusto Anastasia é o dia 3 de julho, data-limite em que a greve pode durar, se não houver entendimento até lá.
- ESTAMOS PAGANDO PARA TRABALHAR
Para a diretora de comunicação da Adunimontes, Isabel Brito, professora do departamento de Ciências Sociais, o movimento de greve serve também para que o estado “enxergue o que realmente é a Unimontes”.
- A Unimontes é uma grande universidade pública, a única estruturada no Norte de Minas, mas penaliza seus professores e servidores. Estamos lutando para que ela seja reconhecida também financeiramente. Com o trabalho que temos aqui, mesmo sem esse apoio, já produzimos com qualidade. Imagine se tivéssemos melhores condições de trabalho, de estudo e de pesquisa. Uma grande universidade precisa investir nos seus servidores e em seus estudantes, o que não acontece – acredita.
Segundo ela, faltaria até material básico para as aulas.
- Os nossos professores pagam para trabalhar. Eu pago a prova que os meus alunos vão fazer. Ou então passo no quadro a avaliação para eles copiarem. Uma coisa que não tem lógica na era da informação. Nós não temos acesso a dinheiro para congressos. Para conseguir ir a um encontro, é um trabalho tão grande que te desestimula. A única coisa que a Unimontes fornece para os professores é uma sala de aula precária sem giz – protesta.
Isabel Brito defende ainda políticas voltadas aos acadêmicos.
- É inconcebível que uma universidade que tem 10 mil estudantes oferece somente duzentas bolsas de iniciação científica. Os nossos estudantes têm que trabalhar no comércio para ganhar 500 reais para chegar à noite aqui e estudar porque não conseguem se manter. Não temos restaurante universitário nem moradia estudantil. Difícil compreender porque tanto descaso – cobra.
ATENDIMENTO COMPROMETIDO
No hospital universitário Clemente de Faria, a situação também é preocupante. Desde o último dia 26 de março, somente os serviços essenciais e os de urgência e emergência funcionam, incluindo a maternidade, a pediatria e a UTI. Nos demais setores, é mantido um percentual de cerca de 30% de ocupação, como rege a lei. Exames clínicos e cirurgias eletivas estão suspensos.
De acordo com Fabrício Amaral, do comando da greve dos servidores técnico-administrativos, a reivindicação principal diz respeito ao vencimento básico dos trabalhadores, que gira entre R$ 349,00 e 474,00.
- Foram quatro tentativas de acordo com o governo desde 2008 até março deste ano, quando entramos em greve – lembra.
UNIMONTES QUER FIM DA GREVE PARA NEGOCIAR
Em nota oficial, a Unimontes afirma que “a Seplag tem demonstrado efetiva boa vontade em discutir as possibilidades de atendimento às reivindicações pleiteadas e, em momento algum, ocorreu qualquer manifestação contrária quanto à possibilidade real de negociação, naturalmente observando os impactos financeiros e os limites da lei de responsabilidade fiscal”.
Diz ainda que “ficou estabelecido que a realização dos estudos propostos estaria condicionada à normalidade das atividades de ensino, pesquisa, extensão e de prestação de serviços, a fim de que as negociações possam prosseguir e alcançar a concretização das justas e legítimas reivindicações apresentadas. O que não aconteceu”.
E que “a Unimontes está convicta de que, apesar das dificuldades enfrentadas, com a compreensão e o bom senso que o momento exige, e por meio do diálogo construtivo e harmônico, poderão ser alcançados os positivos resultados que tanto almejamos”.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
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